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Cirurgias robóticas posicionam Guarapuava como referência em medicina de alta tecnologia

Projeto pioneiro, realizado por médicos guarapuavanos, fortalece um dos pilares do Parque Tecnológico Cidade dos Lagos

16/12/2024

A equipe de cirurgiões, anestesiologistas e enfermeiros que atuaram nas duas primeiras cirurgias robóticas em Guarapuava, realizadas sábado 14 no centro de alta complexidade Hospital São Vicente Cidade dos Lagos, no Parque Tecnológico Cidade dos Lagos

Eram 9 horas da manhã deste sábado (14) quando teve início a primeira cirurgia robótica no Hospital São Vicente Cidade dos Lagos, em Guarapuava, colocando a medicina da Região Central do Paraná na tecnologia mundial mais avançada na área de saúde. De um console equipado com uma câmera de 24 polegadas, o cirurgião oncologista José Henrique Agner Ribeiro comandava os movimentos dos quatro braços do Da Vinci XI, o robô mais moderno do mundo para cirurgias minimamente invasivas, por meio de pedais e de um “joystick” similar aos de um videogame.

O primeiro paciente a receber a cirurgia em Guarapuava é um homem de 56 anos, natural de Candói, com neoplasia no mediastino, situado entre os dois pulmões. Para acessar o tumor, o cirurgião José Henrique Ribeiro precisou fazer uma incisão de aproximadamente 3 centímetros e introduzir no corpo hastes de aproximadamente 50 centímetros de comprimento, tendo na ponta câmeras tridimensionais, pinças e bisturis de eletrocirurgia.

Do console, a cerca de 4 metros do paciente, sem precisar luvas e sem tocar no paciente, o cirurgião tinha um campo de visão incomparável às cirurgias tradicionais e mesmo às realizadas por videolaparoscopia, tecnologia anterior à robótica. Além de imagens em 3D, de alta resolução, o Da Vinci XI permite movimentos que vão além da capacidade da mão humana, com giros de 360º. Os cortes são mais precisos, apenas nos tecidos que precisam ser retirados, sem afetar regiões sadias.

Três médicos com vínculos diretos com Guarapuava participaram das cirurgias: o professor Jefferson Gross (à esq), do AC Camargo Câncer de São Paulo, foi o professor que credenciou os cirurgões José Henrique Agner Ribeiro (ao centro) e Diogo Castoldi (à dir). Gross e Ribeiro são naturais de Guarapuava; Castoldi é nascido em Imbituva (PR) e está desde 1995 em Guarapuava, de onde saiu apenas para fazer graduação em medicina

É neste cenário, numa das salas da ala cirúrgica do centro de alta complexidade do Hospital São Vicente Cidade dos Lagos, no Parque Tecnológico Cidade dos Lagos, que Guarapuava passou a se referenciar, ainda mais, como um polo avançado em saúde no Paraná. Para uma longa espera, entre a implantação do robô no hospital e treinamento de 1 ano dos médicos, a primeira cirurgia não durou mais do que 35 minutos, num clima de muita emoção entre todo o corpo clínico do São Vicente Cidade dos Lagos. No mesmo dia, foi realizado o segundo procedimento de cirurgia torácica, numa mulher de 46 anos, natural de Guarapuava.

Responsável pelo treinamento e certificação de José Henrique Agner Ribeiro, o cirurgião Jefferson Luiz Gross, líder do centro de referência em oncologia torácica do AC Camargo Câncer Center, de São Paulo, veio a Guarapuava especialmente para acompanhar as cirurgias. Foi um momento especial para este cirurgião, guarapuavano de nascença e radicado em São Paulo há 30 anos, a maior parte dedicada ao tratamento do câncer, e pela oportunidade de ser o preceptor de outro guarapuavano, o próprio médico José Henrique Ribeiro. Com eles, estava outro cirurgião oncologista que reside em Guarapuava, oncologista Diogo Castoldi, que atuou como auxiliar, na reposição do robô Da Vinci.

A equipe médica se completou com os anestesiologistas Bráulio Honorato (principal), André Luiz Fonseca Dias Paes e Laís Pires de Lima (residentes).

A enfermagem foi coordenada pela supervisora do centro cirúrgico, Lillian Kelly Camargo, com: Cristiane Deodato, Barbara Machado, Luan Ferreira, Luiz Fernando Borges, Maria Eduarda Oliveira, Merilaine de Jesus, Michelly Kruger e Thais Zhaindi.

O Hospital São Vicente Cidade dos Lagos, um dos pilares (saúde) do Parque Tecnológico Cidade dos Lagos

Direção do São Vicente Cidade dos Lagos acompanham as cirurgias: provedor Odacir Antonelli, o CEO Heleno Faria e a diretora da unidade, Fernanda Faria

O provedor do São Vicente Cidade dos Lagos, empresário Odacir Antonelli, assistiu à primeira cirurgia do começo ao fim. Ao lado dos médicos, do CEO do Hospital, Heleno Faria, e da diretora da unidade Cidade dos Lagos, Fernanda Faria, o provedor Odacir Antonelli viu consumada uma etapa que durou vários anos – no momento inicial, com a construção do hospital dentro do Parque Tecnológico Cidade dos Lagos; e, logo em seguida, com a aquisição de equipamentos de última geração, como o robô Da Vinci, validando um dos pilares do Parque Tecnológico, que é a saúde de ponta.

Antes um hospital com ênfase para o câncer, o São Vicente Cidade dos Lagos agora ampliou sua referência com especialização em cardiologia, incluindo equipamentos como o Pet Scan, o mais avançado na medicina mundial, que detecta tumores por todo o corpo com nível de sensibilidade extraordinário. Em razão desse conjunto de ações, o São Vicente passou a ser denominado centro de alta complexidade em saúde, vocacionado para a prevenção, tratamento e cura, dentro da rede pública (SUS) e privada. Seu principal raio de abrangência são os 20 municípios da 5ª Regional de Saúde, cerca de 600.000 pessoas, mais os municípios do entorno que estão próximos a Guarapuava e podem dispor de um centro de referência do porte do São Vicente Cidade dos Lagos.

O cirurgião Jefferson Gross reforça a importância dessa conquista para Guarapuava e região, ao ressaltar os reflexos positivos da medicina robótica para os pacientes – com cirurgias mais precisas, mais rápidas e com menor tempo de recuperação –, simultaneamente aos benefícios para os profissionais da medicina – que podem se especializar em tecnologia de ponta e aplicar seus conhecimentos em Guarapuava, onde residem.

Cirurgião oncologista José Henrique Agner Ribeiro, 31 anos, pioneiro em cirurgia robótica em Guarapuava

O cirurgião José Henrique Agner é um exemplo: ele tem 31 anos, há 8 formado médico pela Faculdade Evangélica do Paraná. Saiu de Guarapuava para estudar, fez especializações na área oncológica e permaneceu em sua cidade natal como cirurgião, trabalhando no São Vicente Cidade dos Lagos. A aquisição do robô Da Vinci foi o que esperava para obter mais uma especialização, tornando-se pioneiro na cirurgia robótica em Guarapuava.

A robótica também entrou no escopo do cirurgião oncologista Diogo Castoldi, 40 anos, 14 de graduação universitária pela PUC do Paraná. Castoldi fez a certificação em São Paulo e auxiliou nas cirurgias deste sábado. A meta agora é ser ele o cirurgião principal, estando no comando do robô Da Vinci.

Cirurgiões em campo no Hospital São Vicente, Parque Tecnológico Cidade dos Lagos, em Guarapuava: aperfeiçoamento profissional em alta tecnologia e maior oferta de cuidados especiais para a população

Para profissionais que vieram de fora, como o anestesiologista Bráulio Honorato, de Minas Gerais, participar da cirurgia robótica em Guarapuava é um novo campo que se abre para os profissionais da medicina. Ou, como diz o professor Jefferson Gross, “é apenas a primeira em um novo horizonte”.

Atualmente, existem 11 equipamentos Da Vinci no Paraná, sob a representação da empresa Strattner, distribuidora do robô no Brasil. A farmacêutica Bruna Buttura, da empresa, permaneceu uma semana no São Vicente Cidade dos Lagos para assessorar em todos os detalhes anteriores às cirurgias, e também acompanhou os procedimentos no último sábado. O investimento em um aparelho como este é estimado em R$10 milhões.

Com todos os recursos que o robô oferece, a habilidade do médico é indispensável, tanto na região a ser operada, como para fazer os comandos nos pedais e “joystick” do Da Vinci. O médico passa por 40 horas em um simulador na plataforma robótica, em seguida em treinamentos num tecido vivo (animal) e, para finalizar, por no mínimo mais 10 casos em pacientes humanos, acompanhado de um instrutor. Só então é declarado apto a fazer sua própria cirurgia.

O diretor-clínico do Hospital, cirurgião cardiovascular Eduardo Borges, salienta a evolução que a medicina está tendo, saindo do sistema convencional, antes com cortes de aproximadamente 15 centímetros no tórax do paciente, depois para o vídeo (laparoscopia), que já foi uma “revolução” na ciência médica, e agora com a robótica, com cortes pequenos e intervenções exclusivamente no tecido afetado. “É um grande salto para a medicina, agora ao alcance da população da Região Central do Paraná, a serviço de todo o Paraná”, aponta Eduardo Borges.

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