Márcio Carneiro diz que aceita petistas Terezinha ou Cris como sua vice

Todas as tentativas são feitas para desbancar o reconhecido favoritismo de Pedro Moraes

O vereador Márcio Carneiro (Cidadania), candidato a presidente da Câmara Municipal de Guarapuava, disse nesta segunda-feira que não vê nenhum problema em ter uma vereadora do PT como sua vice. Ele revelou que tem conversas adiantadas nesse sentido com as vereadoras Terezinha Dai Prai e Cris Wainer, as duas petistas com assento no Legislativo Municipal.

A eleição para presidente acontece após a posse dos 21 vereadores eleitos, na tarde desta quarta-feira, dia 1⁰ de janeiro de 2025. Na mesma sessão solene, no plenário da Câmara Municipal, serão empossados o prefeito e a vice-prefeita eleitos, Denilson Baitala (PL) e Rosângela Virmond (PSD).

Pedro Moraes, atual presidente e candidato à reeleição, está sob fogo cerrado desde o final das eleições de 6 de outubro

As declarações de Márcio Carneiro, feitas à Rádio Cultura, refletem uma das estratégias do vereador na tentativa de derrubar o atual presidente, Pedro Moraes (MDB), para assumir o comando do Legislativo nos próximos 2 anos.

A pretensa aliança de Márcio Carneiro com o PT conflita frontalmente com linha política do grupo que o candidato representa, que tem como "padrinhos" Denilson Baitala e o deputado estadual Artagão Junior (PSD).

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Apesar do antagonismo, Carneiro disse que sempre respeitou as petistas e que política é isso mesmo, a oportunidade de compor com os contrários. As vereadoras não se pronunciaram, nem deram indícios de quem apoiarão. 

Os dois candidatos se enfrentaram nas últimas eleições para a Câmara e Pedro Moraes derrotou Márcio Carneiro. 

No pleito deste ano, os confrontos estão bem mais acentuados. Começaram quando Pedro Moraes foi alvo de uma enxurrada de "fake-news" que o colocavam na iminência de ser preso pelo Gaeco, que nunca se confirmou. 

Por seu lado, Márcio Carneiro também entrou na roda dos ataques, com material de divulgação questionando os "22 processos por corrupção" a que respondeu, o período de 2 anos em que ficou afastado da Câmara por decisão judicial e um suposto envolvimento com empresa de transporte, que estaria sendo favorecida com somas vultosas na Prefeitura Municipal. 

O acidente do vereador Kenny Rogers, que capotou o carro e matou um idoso na véspera do Natal na estrada do Jordão, entrou pesado na disputa eleitoral. Kenny Rogers pertence ao mesmo partido que Pedro Moraes, foi preso em flagrante e esta respondendo sob liberdade condicional. 

Márcio Carneiro já deixou claro que pretende usar o acidente no campo político.  A intenção manifestada por ele é evitar, judicialmente, que Kenny Rogers compareça à sessão desta quarta-feira e vote a favor de Pedro Moraes. Um "grupo de orações pelo Sr. Jeca" (a vítima do acidente) está sendo chamada para frente da Câmara, na hora da votação. Na visão de Carneiro, Rogers terá de cumprir a decisão judicial de ficar em casa nos fins de semana e feriados, como é o caso desta quarta-feira, dia 1⁰ do ano novo.

Pelo menos dois suplentes do MDB que seriam favorecidos com a cassacão de Kenny Rogers aliaram-se publicamente a Márcio Carneiro, com manifestações ostensivas pela internet. 

A votação na Câmara é restrita aos 21 vereadores e o vencedor precisa de maioria simples (no mínimo 11). Nas contagens extraoficiais, a informação é de que Pedro Moraes tem uma vantagem que o reconduzirá com "certa folga" à presidência, mesmo tendo como força contrária o deputado estadual Artagão Junior,  que colocou seu empenho pessoal e sua rede de comunicação para atacar o atual presidente do Legislativo.

O deputado estadual Fábio Oliveira (Podemos) entrou no jogo fazendo a tradicional defesa da "direita" versus "esquerda". Como no apoio a Pedro Moraes há vereadores de diversos partidos, o bloco passou a ser denominado pela oposição de "centrão", sem nenhum matiz ideológico.

Nas redes sociais, jogo eleitoral caiu abaixo da linha da cintura 

Desde o final das eleições de 6 de outubro, Pedro Moraes vive sob fogo cerrado em diferentes frentes. Tudo por causa do seu reconhecido favoritismo.

No embate oficial, longe das redes sociais, onde a disputa caiu abaixo da linha da cintura, o voto de cada vereador vale quanto pesa – ou seja, não importa se é do PT, da esquerda, do centro ou da direita. Quem colocou isso a público foi o próprio vereador Márcio Carneiro, ao revelar, pelos microfones da Rádio Cultura, que não vê nenhum problema de ter as petistas Terezinha Dai Prai e Cris Wainer sentadas ao seu lado na Mesa Executiva da Câmara. Trata-se de uma posição radicalmente contra o que apregoa o grupo que sustenta Pedro Baitala ou, com a mesma resistência do outro lado, o campo petista, uma mistura insolúvel no vale-tudo para ganhar a eleição. 

Na prática, o que está sendo colocado é que não há nada que desabone a conduta das vereadoras petistas. Pelo contrário, as estatísticas demonstram que elas estão entre os membros mais atuantes do corpo de legisladores municipais. 

Nunca o voto de mulheres foi tão valorizado como agora na Câmara Municipal. Pedro Moares descobriu essa importância dois anos atrás quando se elegeu presidente e abriu total espaço para a bancada feminina no Legislativo. Foi com essa composição que ele derrotou Márcio Carneiro, igual ao que este vereador tenta articular agora, no sentido contrário. 

Quem vai conseguir o maior número de votos, é o que Guarapuava espera para saber nesta quarta-feira. Cada vereador tem o seu espaço assegurado pelas regras das leis sob o resguardo da Constituição Federal.