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Pablo Almeida: "Estou com o coração em paz e a verdade será restabelecida"

Ex-secretário diz que seu filho trabalhou como estagiário e por isso recebeu pagamento

05/07/2024

O vereador Pablo Almeida (Progressistas) contestou informações divulgadas pelo Ministério Público (MP) durante as operações "Fogo no Parquinho" e "Abecedário", que envolvem o seu nome e o do seu filho, quando era secretário da Educação da Prefeitura de Guarapuava, apresentando argumentos que, segundo ele, o inocentam no processo. Pablo Almeida deu sua versão em um vídeo de 5,53 minutos, publicado em rede social.

Na manhã da  última segunda-feira, a residência e o gabinete do vereador na Câmara Municipal foram alvos de diligências executadas pelo Gaeco e pelo Gepatria, forças-policiais do Ministério Público, dentro das operações denominadas "Fogo no Parquinho" e "Abecedário". As investigações estão a cargo da 7ª Promotoria de Justiça, comandadas pela promotora Leandre Flores, com aval da 1ª e 2ª Vara Criminais da Comarca de Guarapuava.

Em sua fala, o ex-secretário disse que a defesa jurídica só tomou conhecimento do inteiro teor do processo nesta quarta-feira, dois dias depois das operações. Ele explicou que o Ministério Público relaciona ele e seu filho somente em uma das operações, a "Abecedário", e, assim mesmo, a seu ver de forma injustificada.
 
Pablo Almeida nega que seu filho tenha recebido "propina" para que ele, o ex-secretário, pudesse facilitar a empresa, apontada no processo, para ser a vencedora de um certamente licitatório. Segundo o Ministério Público, um grupo de empresas, ligadas a dois únicos donos, vem vencendo uma série de licitações na Prefeitura Municipal, movimentando perto de R$ 40 milhões nos últimos anos. Outras empresas estão envolvidas e seriam "laranjas", todas relacionadas entre si, registradas em diferentes cidades do Paraná e Santa Catarina, fazendo rodízio para ganhar as obras.

Pablo Almeida disse que seu filho trabalhou como estagiário numa das empresas, recebendo R$ 750,00 por mês, ao longo de 16 meses. O valor de R$ 12 mil citado pelo MP, depositado pela empresa na conta do filho, segundo o ex-secretário, é a soma dos valores pagos a ele ao longo desse tempo de estágio. "É isso que atribuem a mim como um crime, o fato de o meu filho ter trabalhado como estagiário no escritório dessa empresa", disse ele, em tom de indignação.

Almeida explicou que a maior parte dos processos relacionados nas investigações é do período entre 2017 e 2024, "atas que são conglomeradas de secretarias que participam das licitações", ou seja, os pedidos têm origem em diversas Secretarias, e não exclusivamente na Educação. "Não é o secretário de Educação que elabora esse processo. Não é o secretário de Educação que faz a licitação", disse ele, lembrando que a prerrogativa do secretário é apenas requerer, por preliminar, a realização dos serviços. "A Secretaria da Educação de Guarapuava tem mais de 80 prédios que necessitam diariamente de reforma, ampliação e de ajustes", acrescentou. "Assim como qualquer outra Secretaria fez esse requerimento, a Secretaria da Educação também fez. Esse foi o meu papel, fazer esse requerimento", assegurou.

Pablo Almeida disse que foi investigado durante dois anos, com a quebra  dos sigilos fiscal e telefônico de toda a família, em especial do seu filho, "e nada foi encontrado". "Estou com o coração em paz e tenho a certeza que a verdade será esclarecida", salientou ele, dizendo que "nesse momento pré-eleitoral é tudo muito estranho –
tem muita gente interessada que um vereador que vai para a reeleição, que fez um trabalho muito importante na Secretaria da Educação, talvez não tenha sucesso".

O vereador disse que vai continuar combatendo "o mal que assola o nosso pais e o mal que assola hoje o nosso município", numa clara alusão ao Sindicato dos Servidores Públicos e Profissionais de Guarapuava (Sisppmug). "Eu não permiti que sindicatos tomassem conta da educação de Guarapuava e isso é de interesse dessas pessoas também, de que o professor Pablo não continue. Mas, lamento informar vocês, não foi desta vez" – advertiu, apostando que, "em algumas semanas, a verdade será restabelecida".

Além da casa e do gabinete do vereador, as operações do Gaeco e do Gepatria se desenrolaram na sede da Secretaria Municipal da Habitação, onde atualmente está lotado o engenheiro Fabiano Silva, também envolvido nas investigações. 

A exemplo do advogado Marinaldo Rattes, que faz a defesa de Pablo Almeida, a imprensa também não teve acesso ao processo até esta quarta-feira. As primeiras informações, trazendo detalhes das operações, foram divulgadas no site oficial do Ministério Público, mostrando a extensão do trabalho investigativo dos promotores e agentes policiais, que redundou em 34 mandados de busca e apreensão em cinco cidades do Paraná e quatro em Santa Catarina. Nestas cidades, os investigados pelo MP teriam criado "empresas fantasmas" para fraudar processos licitatórios, "envolvendo valores milionários". 

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